Certa vez ouvi um sábio dizer que o destino era inexorável. E desde então tenho pensado no significado dessas palavras. Ao pé da letra inexorável é algo que não se dobra e nem se move a rogos e súplicas, características de um nobre “Sir” que governa com mãos firmes o seu reino. Mas o que tudo isso tem a ver com o destino? Um pouco mais de reflexão e logo me dou conta que, talvez, tudo. A cada dia que me é permitido na terra percebo o quão frágeis somos nós. Como porcelana rara e sobre maneira frágil somos nós aqui na terra. Porcelana que sob um manejo descuidado logo se desfaz e que por este “Sir” inexorável, não nos é permitido reparar. Talvez fazer diferente, mas nunca reparar. E tudo isso nos molda a cada dia e forma o que somos e o que seremos.Pensando no destino como este “Sir” inexorável penso também em súditos. Cavaleiros súditos, que cumprem os desejos de seu Senhor. Que tal, Vida, Tempo e Morte.
A vida é o cavaleiro que, encare você como divino ou não, nos apareceu como dádiva. Sem nenhuma intervenção de nossa parte. O tempo é um cavaleiro que não importa o quanto nos esforcemos, não há como ludibriá-lo, ele estará sempre lá, aos pés da nossa cama pela manhã, querendo saber o que faremos daquele novo dia. Seja este dia ensolarado, daqueles que nem precisamos de muita criatividade para tirarmos dele o melhor proveito, ou um dia sombrio, do qual nos achamos no direito de "pará-lo" para aproveitarmos o nada do ócio. Já o cavaleiro morte, é a resposta que damos a dádiva da vida. É apenas o produto dos dias ensolarados e dos momentos de ócio em meio ao sombrio.
E a conclusão que tirei de tudo isso? Que a vida, é como um reino controlado por um "Sir" inexorável que é o destino! E que não quero uma vidinha mais ou menos, assim meia boca. Eu quero Vida. Muita Vida! Vida sabendo da Morte. Por que o Tempo? Este não para! Mas que não pare mesmo. Quero mais é que corra, mas corra muito! Como se fosse um novo sedan embalado ao som de uma boa música. E quando este me fizer chegar ao fim da estrada, quero ter no bagageiro as experiências que vivi e as batalhas que combati. No banco traseiro os amigos e a família que estiveram comigo durante a corrida e ao lado a pessoa que amei e que por existir causou em mim tamanho contentamento. Neste dia, não quero na consciência o peso de uma vida descomprometida, dada ao nada de dias em ócio, ou ao ativismo em busca do nada. Quero desde hoje até aquele dia, ter o compromisso de todos os dias ao acordar saber reconhecer a beleza da manhã, o perfume da rosa, à singeleza de um gesto.
Para que ao fim, ciente deste “Sir” inexorável destino, enquanto sou aspergido como aroma suave ao Senhor, tenha a honra de dizer, combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.